CAPA DO CD:
CD:
Memória descritiva:
Esta é uma música que faz, sem dúvida alguma, lembrar o
amor. Esta música transpira amor. E quanto mais ouvia a música, o ritmo da
mesma, a melodia da mesma, sem olhar à letra, ia mexendo com os meus sentidos…
Começou na audição, passou para a visão de acordo com o que eu ia, mentalmente,
visualizando enquanto a ouvia e percebi, que esta é uma música que desperta os
sentidos de pessoas. Fundamentalmente de casais apaixonados…
Por isso, decidi representar os cinco sentidos na capa do
CD.
Nesta capa contém elementos de comunicação visual e tentei,
através do desenho e pintura, atingir o meu objectivo, tendo a música como base
para cada construção.
Por isso, cada coisa representada foi desenhada a lápis e,
posteriormente, para o trabalho final, o lápis foi substituído por
guaches. Foi tudo feito à mão, tendo
recorrido à técnica de decalque e uma técnica de pintura que foi usada para
atingir a textura da capa, que irei explicar mais adiante.
Visão, audição, olfacto, tacto e paladar, os cinco sentidos
que são nossos e tantas vezes despertados por pequenas coisas como o ritmo e o
embalar de uma música.
Então, a visão, não poderia ser representada de outro jeito,
senão por um olho. E, não querendo representar cada coisa de um modo que desse
imediatamente para perceber o que era, não querendo representar cada coisa duma
maneira literal, fui tentar buscar algo que nada tivesse a ver com o símbolo em
questão, mas com algo que pudesse ser usado e nos levasse a juntar as partes
num todo.
Tentei representar um olho com um símbolo musical: a
colcheia. E, atentando aos elementos da comunicação, na colcheia usei linhas e
forma. Para não poder ficar limitada a nível de elementos de comunicação, e para
ajudar nesta construção de um olho, optei por representar uma sobrancelha cujos
elementos de comunicação utilizados nesta representação foram a linha e os
pontos.
Relativamente à audição, mais uma vez, usei um símbolo
musical porque, antes de tudo, foi uma música a musa inspiradora deste
trabalho, e foi então a clave de fá. Optei por este símbolo para representar um
ouvido para que se olhasse e se visse uma clave de fá sendo uma parte dum todo
e, olhando para o todo, aquela parte, pudesse ser identificada como um ouvido.
Os elementos de comunicação presentes nesta representação foram os pontos. Na
verdade, não está nem representada uma clave de fá. Olhando para as partes
desta parte, facilmente percebemos que são apenas pontos. Talvez a disposição
dos pontos, lembre uma clave de fá. Mas, mais uma vez, o exercício aqui, como
ao longo de todo o trabalho, era desmembrar o todo que nos parece ao primeiro
olhar.
Para o olfacto optei, não por símbolos que pudessem ser
representativos de algo, mas por uma parte de um todo. O nariz seria o mais
representativo deste sentido e, por isso, optei por desenhar a parte de um
nariz. Os elementos de comunicação presentes para representar o olfacto foram
as linhas e os pontos.
Para o tacto, o objectivo foi representar uma mão. Por isso,
decidi desenhar a parte de uma mão. Imaginando que teríamos duas mãos que,
estando unidas, formassem um coração, eu retirei uma parte desse todo, para que
pudesse também servir como contorno do rosto que eu desejava que, no final,
juntando cada parte representada, se pudesse chegar a esse todo que seria um
rosto.
Também a forma como a mão está colocada, dá a sensação de um
gesto meigo, meiguice essa que sinto estar presente ao longo de toda a música.
Os elementos de comunicação, presentes nesta representação
foram as linhas.
Por fim, o paladar, representado por uma boca. Não uma boca
literal, mas a parte de uma. Utilizando elementos de comunicação como as linhas
e, podendo perceber que, com esta parte de uma boca, podiamos chegar até a ver
um coração, quando na verdade, é uma boca que está representada. E, nesta
representação, podemos ver que, realmente, é necessário olharmos com atenção,
desmembrando o todo que vemos ao primeiro olhar, e perceber que há algo mais
para além daquilo que os nossos olhos captam instantaneamente.
Bom, o pretendido era que, unindo cada parte representada, o
nosso olhar pudesse saber que ali está um rosto de uma mulher. Mas, podendo
parar para desmembrar esse todo, o nosso olhar fosse mais além, e pudesse ver
cada parte representada e que, secalhar, vendo dessa maneira, deixassemos de
ver um rosto. E víssemos, analisando, as partes que constituem esse todo e que
não pertencem a um rosto. Por exemplo, ninguém tem um ouvido que seja uma clave
de fá. Ninguém tem um olho, que seja uma nota musical… Como humanos que somos,
olhamos para isto e vemos um rosto, de uma mulher, que está de perfil. No entanto,
há partes nesse rosto que se nós retirarmos, para pegar nelas, olhar para elas,
descobri-las e analisá-las, percebemos que realmente o todo que nós captamos
com um primeiro olhar, pode ser bem mais que isso. Ou então, não ser esse todo
que nós vemos, mas serem partes que são apenas isso: partes…
Na capa do CD está também presente outro elemento de
comunicação visual: a textura.
Para a textura usei uma técnica de pintura diferente. Usei
uma escova dos dentes. Molhei a escova na tinta e depois virei as cerdas da
escova contra a área que queria preencher e fiz movimentos abruptos, de “vai e
vem”, com uma régua, contra as cerdas da escova.
Usei a cor vermelha, para poder representar a paixão que
creio que a música transparece. O preto da restante pintura, foi para fazer
contraste com a pintura texturizada outrora referida.
Relativamente ao CD, mais uma vez quis, através de partes,
fazer com que, a um primeiro olhar, fosse identificado um todo que, no caso, é
um coração. Novamente, através desta representação o objectivo foi que
pudessemos desmembrar esse todo, e pudessemos ver que, ainda que à primeira
vista, víssemos um coração, na verdade não é um coração que está presente, mas
sim duas partes de dois símbolos: uma clave de fá e uma clave de sol.
Os elementos de comunicação utilizados para esta
representação foram os pontos e as linhas. Os pontos na clave de fá, que são
apenas pontos mas, mais uma vez, dispostos na forma de uma clave de fá, também na clave de sol que nem está representada na
totalidade, foram usados os pontos como elemento de comunicação. Mas que,
quando olhamos, facilmente percebemos que aquilo poderá ser uma eventual
representação deste símbolo musical. Como pretendido, o objectivo seria olhar
para as partes e, se assim o fizermos, são apenas pontos que adoptaram uma
certa disposição…
As linhas representadas, servem só para que, mais
facilmente, os nossos olhos, olhando para toda aquela disposição, vejam uma
clave de sol. Mas no fundo, não está representada uma clave de sol e aquilo são apenas linhas.
No CD também temos a textura como elemento de comunicação
visual, textura essa que é igual à utilizada na capa.
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